Lula reafirma soberania do Brasil em resposta a tarifas dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um artigo de opinião no The New York Times, dirigido ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No texto, intitulado “Democracia e Soberania Brasileiras São Inegociáveis”, Lula aborda questões críticas entre os dois países, incluindo tarifas comerciais, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, regulação de grandes empresas de tecnologia, o sistema de pagamento PIX e questões ambientais.
Lula classificou as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como “equivocadas e ilógicas”, argumentando que os Estados Unidos têm um superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos. Cerca de 75% das exportações dos EUA para o Brasil são isentas de impostos, e a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%.
O presidente brasileiro afirmou que a motivação por trás das tarifas é política, relacionada à condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Reiterou que a democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis e que o país está aberto a dialogar sobre benefícios mútuos, mas sem ceder nesses princípios.
Lula defendeu a decisão do STF, destacando que o julgamento foi conduzido de acordo com a Constituição Brasileira de 1988 e que não se tratou de uma “caça às bruxas”. Mencionou que as investigações revelaram planos de assassinato contra ele, o vice-presidente e um ministro do STF, além de um projeto para anular os resultados das eleições de 2022.
O presidente brasileiro rebateu as acusações de que o Brasil persegue ou censura empresas de tecnologia americanas, afirmando que todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis. Destacou que a regulação visa proteger as famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio, e não configurar censura.
Lula também defendeu o sistema PIX, afirmando que ele promove a inclusão financeira e não prejudica operadores financeiros dos EUA. Mencionou que o Brasil reduziu pela metade a taxa de desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos e que a polícia apreendeu centenas de milhões de dólares em ativos usados em crimes ambientais em 2024. Alertou que a Amazônia continuará em risco se outros países não reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa.
O presidente brasileiro criticou as ações unilaterais dos EUA e defendeu o multilateralismo como a melhor forma de resolver disputas comerciais e outros assuntos internacionais. Enfatizou a importância do respeito mútuo e da cooperação entre Brasil e Estados Unidos, lembrando que os dois países mantêm relações há mais de 200 anos. Concluiu reafirmando a disposição do Brasil em negociar com os EUA em bases de benefícios mútuos, mas sem abrir mão de sua democracia e soberania.