Cabo Delgado: As vidas que desaparecem no silêncio

 


Por: Castro Cleiton | 18 de Setembro de 2025

Muito se fala sobre Cabo Delgado: relatórios, conferências, promessas. Mas poucos tocam nos problemas reais que marcam o dia-a-dia da província. O conflito armado não é apenas uma estatística: pessoas morrem, desaparecem e nunca mais voltam.

Quem observa de fora vê apenas números e discursos técnicos. Mas viver em Cabo Delgado é sentir medo constante, viajar pelas estradas sem saber o que pode acontecer, acompanhar famílias destruídas pela insegurança. Esse é o quotidiano que poucos entendem.

O aspecto mais cruel é o desaparecimento de pessoas. Famílias inteiras perdem parentes há anos, sem qualquer explicação. Recentemente, um Delegado Distrital do Conselho Islâmico em Ancuabe desapareceu sem deixar rasto, sem palavras de consolo ou esclarecimento das autoridades. Esse silêncio prolonga a dor e aumenta a desconfiança.

O medo cala vozes. Muitos desejam denunciar, mas temem por suas vidas. Mesmo assim, escrever sobre isso é um ato de cidadania: não se pode aceitar que desaparecimentos se tornem normalidade invisível.

Cabo Delgado é mais do que estatísticas: são crianças com medo, mulheres traumatizadas e jovens sem futuro. O conflito não é apenas militar; é uma crise humanitária e um colapso da dignidade humana. Enquanto vidas desaparecerem sem respostas, não haverá paz verdadeira.

O que se exige é verdade, compaixão e coragem política. Promessas vazias não bastam; é preciso enfrentar o impacto humano real do conflito, restaurar a segurança e oferecer respostas concretas às famílias que perderam entes queridos.

Cabo Delgado merece mais do que discursos: merece humanidade, justiça e respostas.


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