Número dois do Kremlin se demite após críticas à guerra na Ucrânia
Dmitri Kozak, vice-chefe da administração presidencial russa e considerado o “número dois” do Kremlin, demitiu-se do cargo após críticas à continuação da guerra da Rússia na Ucrânia, segundo reportou o diário RBC.
Duas fontes oficiais confirmaram que Kozak apresentou a demissão por iniciativa própria e deverá despedir-se de sua equipa ainda nesta quarta-feira. Caso confirmado, este seria o primeiro caso de demissão de um alto funcionário russo devido às suas objeções à guerra iniciada em fevereiro de 2022.
Segundo o diário Vedomosti, Kozak, de 66 anos, assumirá o cargo de representante plenipotenciário de Putin no distrito federal do noroeste, embora haja especulações sobre sua entrada no setor empresarial.
O jornal norte-americano The New York Times informou que Kozak tentou, sem sucesso, convencer Putin a suspender a ofensiva militar na Ucrânia. Durante anos próximo ao Presidente, ele teria apresentado propostas de cessar-fogo, reforma do sistema judicial e reforço do controlo sobre as forças de segurança.
Kozak também buscou apoio de interlocutores ocidentais para persuadir Putin a encerrar o conflito, mas viu suas recomendações rejeitadas. Especialistas apontam que ele perdeu influência para Serguei Kiriyenko, outro vice-chefe da administração, firme defensor da chamada “operação militar especial”.
Nascido na Ucrânia e formado em Direito em Leninegrado, Kozak integrou a equipa de Putin em 1999, tendo sido diretor de campanha presidencial em 2004 e vice-primeiro-ministro entre 2008 e 2020.
A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, já causou dezenas de milhares de mortes em ambos os lados. Moscovo exige a cessão de quatro regiões ucranianas (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia), além da península da Crimeia, e a renúncia da Ucrânia à adesão à NATO, condições consideradas inaceitáveis por Kiev e seus aliados europeus.