Jaime Neto denuncia sabotagem à governação após onda de vandalismo em escolas de Gaza
O Secretário de Estado da Província de Gaza, Jaime Neto, afirmou que os recentes casos de vandalização e destruição de infraestruturas escolares na província resultam de actos intencionais de sabotagem à governação. A denúncia surge após uma série de incidentes que afectaram várias instituições de ensino, gerando preocupação nas autoridades locais e na comunidade educativa.
Nos últimos cinco meses, foram vandalizadas sete escolas, onde mais de nove mil processos de alunos foram queimados, além de seis computadores, pautas, livros escolares e um sistema de abastecimento de água destruídos.
Jaime Neto classificou os actos como “ações de má-fé” e garantiu que o Governo está a trabalhar para identificar e responsabilizar os autores.
“Nós estudamos numa altura em que as escolas nem tinham guardas e nada acontecia. O que vemos agora é o resultado da atitude de certas pessoas de má-fé que querem sabotar a governação. Vandalizam a energia, partem vidros, queimam arquivos e danificam carteiras. É algo difícil de compreender”, afirmou o governante.
O Secretário de Estado assegurou ainda que as autoridades estão empenhadas em investigar os casos e exigiu da polícia “rigor e determinação” na responsabilização dos envolvidos.
“Essas pessoas precisam ser identificadas e levadas à justiça. A polícia está a trabalhar próximo dos locais afectados, pois os actos não se limitam à destruição das escolas — há também ataques contra professores, principalmente do ensino nocturno, o que é inadmissível”, reforçou.
Por outro lado, o especialista em educação Samuel Chacate apresentou uma leitura diferente da situação, apontando motivações políticas como causa dos incidentes.
“Os partidos políticos precisam de deixar de disputar poder dentro das escolas. Há comunidades e encarregados de educação que foram mobilizados a não apoiar as instituições de ensino. As escolas estão desamparadas e sobrevivem apenas com o apoio externo”, destacou.
Chacate alertou ainda que o vandalismo expõe a lentidão na modernização e digitalização do sistema educativo, o que coloca em risco informações cruciais.
“A educação continua a ser um dos sectores mais conservadores. Com a falta de digitalização, corremos o risco de perder dados importantes sobre os alunos e o próprio funcionamento do sistema”, advertiu.
O especialista também criticou a actuação seletiva da Polícia da República de Moçambique (PRM) na proteção de instituições públicas.
“Há escolas com seis a oito mil estudantes que não têm segurança adequada, enquanto a polícia garante proteção a propriedades privadas. É uma contradição que precisa ser corrigida”, concluiu.
Cinco meses após o registo do primeiro ataque, as investigações continuam sem resultados concretos, e o clima de medo e insegurança persiste nas comunidades escolares da província de Gaza.